Biologia na nossa vida

A biologia faz parte do nosso dia a dia, então nada melhor que aprendermos mais, é fácil e gostoso.
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domingo, 29 de agosto de 2010

MEIO AMBIENTE E DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS

           Até meados do século XX, as epidemias eram um fator comum na condição humana. Com o avanço da tecnologia e do conhecimento de varias doenças acreditou-se por um tempo que seria possível a erradicação de doenças infecciosas.
          Hoje percebe-se a emergência e re-emergência de determinadas doenças, muitas dessas tem no homem seu principal agente, devido aos avanços na qualidade de vida, aumento da população. O uso excessivo de antibióticos, pesticidas para combater os organismos nocivos é superestimado enquanto se ignora o ambiente, a capacidade de adaptação e evolução de outras espécies.
        A emergência de doenças é fator complexo, vários fatores devem ser alterados para sua ocorrência. As atividades humanas são os fatores mais proeminentes envolvidos no aparecimento de novas doenças infecciosas, assim como nas alterações de doenças infecciosas já conhecidas.
      Fatores sociais, econômicos, políticos, climáticos, tecnológicos e ambientais determinam o padrão e influenciam a emergência de doenças.
      A compreensão da emergência da doença requer olhar para além do organismo, sendo necessário observá-lo como um todo num contexto do ecossistema e da sociedade, uma perspectiva global é essencial.
      Doenças emergentes referem-se à doenças cuja incidência entre humanos tem aumentado nas duas últimas décadas ou tende a aumentar no futuro próximo. O termo re-emergente refere-se à doença que estava sob controle e que volta a causar epidemias.
      A maioria das infecções parece ser causada por patógenos já presentes no ambiente, que através de favorecimento seletivo, por alterações das condições do seu habitat, tem a oportunidade de infectar uma nova população hospedeira.
     A emergência de doenças é frequentemente acompanhada de alterações ecológicas causadas por atividades humanas, tais como praticas inadequadas de agricultura como o uso de sistemas de irrigação primitivos, desmatamentos e construção de barragens, permitindo a proliferação de vetores e hospedeiros reservatórios.
    Os movimentos das populações humanas, causados por guerras ou migrações, são frequentemente importantes na emergência de doenças. Em diversas partes do mundo, as condições econômicas encorajam a migração em massa de trabalhadores das áreas rurais para as cidades. Uma vez nas cidades, uma infecção recentemente introduzida pode espalhar-se pela população.
     Medidas de saúde pública e saneamento são formas de minimizar a disseminação de infecções, mas não de eliminar totalmente os patógenos, que podem permanecer em reservatórios, e esses patógenos podem re-emergir caso as medidas de controle e prevenção forem interrompidas.
    As condições de saúde pública estão atreladas à fatores do meio ambiente, seja em função das relações entre os elementos naturais e o ciclo de vida dos agentes ou das ações antrópicas que facilitam sua proliferação.
    A transmissão e a manutenção de uma doença na população humana é resultante do processo interativo entre o agente, o meio e o hospedeiro. O agente é o fator cuja presença é essencial para a ocorrência da doença, pode ser biológico (bactérias, protozoários), nutritivo, químico (medicamento, veneno), físico (fogo, trauma), o hospedeiro é o organismo capaz de ser infectado por um agente e ambiente é o conjunto de fatores bióticos e abióticos que interagem com o hospedeiro e o agente.
      O ambiente que interage com o hospedeiro e o agente pode ser classificado em biológico, social e físico.
               O meio biológico: inclui reservatórios de infecção, vetores, plantas e animais.
               O meio social: organização política e econômica
        O meio físico: situação geográfica, recursos hídricos, poluentes, temperatura, umidade, variáveis climáticas.
       As doenças infecciosas podem ser classificadas de acordo com a forma de disseminação, ciclo dos agentes infecciosos na natureza.
A forma de disseminação pode ser:

- Veículo comum, onde o agente é transmitido por fonte única, como água, alimentos e ar.

-Propagação de pessoa a pessoa – contato entre indivíduos infectados e suscetíveis ou por vetores.

-Porta de entrada no hospedeiro – trato respiratório, gastrintestinal, cutâneo.

Ciclo dos agentes infecciosos:

- O agente utiliza um único hospedeiro e este passa a doença para outro.

- O agente utiliza mais de um hospedeiro, e usa a cadeia alimentar para completar seu ciclo.

Os parasitos que usam um único hospedeiro podem usar estratégias como cistos para alcançar o hospedeiro, podem ser passados de um hospedeiro a outro por secreções, água e alimentos contaminados.
A ecologia e o comportamento do parasito são importantes para que complete seu ciclo. A infecção pode ser:

-Ativa: penetração dos estágios infectantes pela pele do hospedeiro.

-Passiva: pela ingestão de formas encistadas juntamente com alimento e água.

A dispersão das formas infectantes para fora ou dentro da área populacional. As estratégias de dispersão podem ocorrer de duas formas:

-Estratégia r: o parasito investe em uma dispersão no espaço, assim o parasito coloca muitos ovos pequenos. Essa forma de dispersão ocorre em locais onde a ocorrência do hospedeiro é pequena.

-Estratégia k: o parasito investe em uma dispersão no tempo, assim os ovos são poucos e grandes. São encontrados em ambientes de grande densidade populacional, onde ocorre grande competição entre os estágios.

Nos parasitos que tem formas que ficam no ambiente, o comportamento das mesmas é importante para o sucesso da espécie. Assim, as formas chamadas de vida livre, que são estágios de larva, não se alimentam, tem reserva energética, alguns estágios possuem grande atividade (cruzador), onde os parasitos buscam os hospedeiros com baixa movimentação, por exemplo, Schistosoma mansoni, que utiliza essa estratégia para buscar o hospedeiro intermediário. Outros parasitos são completamente passivos (emboscador), esta estratégia é usada para formas que infectam hospedeiros que se movimentam ativamente, por exemplo, Ascaris lumbricoides.
Os estágios de resistência são usados pelos parasitos como uma forma de dar continuidade ao ciclo, estes estágios podem ser ovos, cistos, oocistos ou estágios larvais.

Outras estratégias usadas para aumentar as chances de localização do hospedeiro são:

-emergência rítmica: o tempo de emergência ou eclosão dos estágios infectantes pode coincidir com um período no comportamento do hospedeiro em que este pode estar mais vulnerável ao parasito.

-comportamentos especiais de estágios infectantes como fototaxia, geotaxia, respostas a sombra e perturbações mecânicas.

O reconhecimento do hospedeiro é feito por:

-quimiorientação

-quimiotaxia: orientação direcionada num gradiente de estímulos.

-quimiocliocinese: movimentos aleatórios a uma fonte de estimulo.

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